Estudo desenvolvido na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), pela pesquisadora Luciana Salles Branco de Almeida, demonstrou os efeitos da Fluoxetina, medicamento usado para depressão, sobre a diminuição da produção de mediadores da inflamação pelas células dendríticas e consequente diminuição da perda óssea na doença periodontal. A descoberta ter impacto não apenas no tratamento de doenças bucais, apontando alternativas também para outras doenças autoimunes.
O trabalho de Luciana foi idealizado totalmente na FOP e contou com a parceria do "The Forsyth Institute" (Harvard Dental/Medical School, Cambridge, MA, EUA), sob colaboração do pesquisador Toshihisa Kawai. A pesquisa teve seu mérito reconhecido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Sao Paulo (Fapesp), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a National Institute of Health (NHI), dos Estados Unidos, que concederam apoio financeiro.
A hipótese desse trabalho surgiu a partir de estudos recentes que demonstraram que a Fluoxetina - um antedepressimo muito seguro, bem tolerado pelos pacientes e amplamente utilizado pela sociedade moderna - possui propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras (regula a resposta imunológica do organismo). Assim, os pesquisadores pensaram que ela pudesse ser capaz de modular a resposta inflamatória do hospedeiro portador da doença periodontal, que é uma enfermidade inflamatória crônica relacionada à resposta imune do hospedeiro. A expectativa era que este fármaco pudesse atuar como um coadjuvante ao tratamento periodontal convencional, caso fosse capaz de modular a resposta do hospedeiro.
Os pesquisadores observaram que a Fluoxetina interfere na apresentação do antígeno aos linfócitos T pelas células dendríticas, que são as principais células de antígenos do sistema imune. A Fluoxetina diminui a produção de importantes mediadores inflamatórios pelas células dendríticas, bem como a expressão de uma importante molécula (ICOS-L) co-estimuladora para os linfócitos T. Quando se utilizou culturas de células dendríticas tratadas com a Fluoxetina juntamente com linfócitos T, observou-se uma diminuição da produção de RANKL pelos linfócitos T. "Como o RANKL é uma molécula diretamente relacionada à ativação de osteoclastos, decidimos testar o efeito da Fluoxetina sobre a perda óssea induzida em um modelo animal de doença periodontal RANKL-dependente. A Fluoxetina reduziu significativamente a perda óssea nos camundongos tratados, demonstrando uma interessante capacidade de modular a resposta do hospedeiro na doença periodontal", comenta Luciana.
Os autores afirmam que esses achados dos efeitos da Fluoxetina sobre as células dendríticas e a doença periodontal são inéditos. Ainda, com estes resultados, os pesquisadores acreditam que a fluoxetina pode se tornar uma alternativa de tratamento para doenças autoimunes como a artrite reumatóide e outras condições que envolvam a ativação de linfócitos T.
Dada a importância da descoberta, a pesquisa conquistou o Prêmio Internacional "Hatton", entegue durante o Congresso anual da IADR (International Association for Dental Research), realizado em San Diego, nos Estados Unidos.
fonte Isaude
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