quarta-feira, 4 de maio de 2011

Medicamento para depressão combate perda óssea na doença periodontal


Estudo desenvolvido na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), pela pesquisadora Luciana Salles Branco de Almeida, demonstrou os efeitos da Fluoxetina, medicamento usado para depressão, sobre a diminuição da produção de mediadores da inflamação pelas células dendríticas e consequente diminuição da perda óssea na doença periodontal. A descoberta ter impacto não apenas no tratamento de doenças bucais, apontando alternativas também para outras doenças autoimunes.
O trabalho de Luciana foi idealizado totalmente na FOP e contou com a parceria do "The Forsyth Institute" (Harvard Dental/Medical School, Cambridge, MA, EUA), sob colaboração do pesquisador Toshihisa Kawai. A pesquisa teve seu mérito reconhecido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Sao Paulo (Fapesp), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a National Institute of Health (NHI), dos Estados Unidos, que concederam apoio financeiro.
A hipótese desse trabalho surgiu a partir de estudos recentes que demonstraram que a Fluoxetina - um antedepressimo muito seguro, bem tolerado pelos pacientes e amplamente utilizado pela sociedade moderna - possui propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras (regula a resposta imunológica do organismo). Assim, os pesquisadores pensaram que ela pudesse ser capaz de modular a resposta inflamatória do hospedeiro portador da doença periodontal, que é uma enfermidade inflamatória crônica relacionada à resposta imune do hospedeiro. A expectativa era que este fármaco pudesse atuar como um coadjuvante ao tratamento periodontal convencional, caso fosse capaz de modular a resposta do hospedeiro.
Os pesquisadores observaram que a Fluoxetina interfere na apresentação do antígeno aos linfócitos T pelas células dendríticas, que são as principais células de antígenos do sistema imune. A Fluoxetina diminui a produção de importantes mediadores inflamatórios pelas células dendríticas, bem como a expressão de uma importante molécula (ICOS-L) co-estimuladora para os linfócitos T. Quando se utilizou culturas de células dendríticas tratadas com a Fluoxetina juntamente com linfócitos T, observou-se uma diminuição da produção de RANKL pelos linfócitos T. "Como o RANKL é uma molécula diretamente relacionada à ativação de osteoclastos, decidimos testar o efeito da Fluoxetina sobre a perda óssea induzida em um modelo animal de doença periodontal RANKL-dependente. A Fluoxetina reduziu significativamente a perda óssea nos camundongos tratados, demonstrando uma interessante capacidade de modular a resposta do hospedeiro na doença periodontal", comenta Luciana.
Os autores afirmam que esses achados dos efeitos da Fluoxetina sobre as células dendríticas e a doença periodontal são inéditos. Ainda, com estes resultados, os pesquisadores acreditam que a fluoxetina pode se tornar uma alternativa de tratamento para doenças autoimunes como a artrite reumatóide e outras condições que envolvam a ativação de linfócitos T.
Dada a importância da descoberta, a pesquisa conquistou o Prêmio Internacional "Hatton", entegue durante o Congresso anual da IADR (International Association for Dental Research), realizado em San Diego, nos Estados Unidos.
fonte Isaude

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